Sexo antes de tudo - Resenha crítica - Christopher Ryan
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Sexo antes de tudo - resenha crítica

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Sexo & Relacionamentos

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Sex at Dawn

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-8566549690

Editora: Pedrazul

Resenha crítica

Mais uma inquisição bem-intencionada

Não somos descendentes de primatas. Somos primatas. Como homo sapiens, compartilhamos um ancestral comum dos bonobos e chimpanzés. Todo o processo de evolução não passa de um mísero segundo do ponto de vista histórico. 

E mesmo depois de tanta evolução, sexualidade ainda é um tabu para muita gente. E nesse tema, a inquisição bem-intencionada julga os que não se enquadram num padrão, seja o de pegar geral ou do falso puritanismo. Nossos desejos são um conjunto de fatores, tanto quanto o gosto que temos por alimentos.  

Você é o que você come

Para falar de sexo, a analogia com comida é didática. Parece nojento comer insetos, por exemplo. Você pode ter feito careta só de ouvir. Mas sabia que eles são mais ricos em minerais e gorduras saudáveis do que as carnes bovina e suína? É sério! 

Da mesma forma, o que pensamos sobre sexo é ensinado. Pelo convívio, por padrões pré-estabelecidos, pela família, pela religião. Nada é tão natural quanto parece. 

O que Darwin não sabia sobre sexo

Os estudos de Darwin deram cara científica para os papéis sexuais na sociedade. Muitos conflitos de hoje têm a ver com suas pesquisas. Por mais brilhantes que sejam, elas tinham um viés antierótico. 

Darwin colocou no papel a velha crença da lógica heterossexual, em que o homem está no mundo para plantar sua semente e povoar os confins da terra. Nesse ponto, seus estudos andam de braços dados com a lógica religiosa de opressão à sexualidade humana. 

Essa cegueira mostra uma lacuna gigantesca. O sexo não se limita e nunca se limitou à reprodução. 

Um padrão da evolução sexual humana

Não é verdade que exista um traço evolutivo para explicar homens como canalhas dissimulados e mulheres no papel de mentirosas interesseiras. A única verdade da evolução é que o homo sapiens ficou descaradamente sexual. 

Somos todos libertinos luxuriosos, depravados e impudicos. Temos impulsos pré-conscientes que não são derrotados por nenhum sentimento de medo, vergonha ou culpa. O filósofo Arthur Schopenhauer dizia que o indivíduo pode escolher o que fazer, mas não o que querer. E acertou. Sentir culpa pelos desejos é perda de tempo. 

Quem perdeu o quê no paraíso?

Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido no Jardim do Éden, perderam a liberdade. A vida boa de antes deu lugar ao trabalho, ao sofrimento no parto e à busca incessante de comida. Antes da desobediência, a nudez era inocente e nada faltava para eles. 

Em compensação, essa descoberta trouxe à tona novos prazeres, que estavam ocultos. Com eles, a responsabilidade aumentou. A Bíblia traz a metáfora perfeita para o ser humano descobrindo o sexo. Esse prazer requer cuidados e conhecimento. 

Confundindo casamento, acasalamento e monogamia

Amor e tesão são duas coisas bem diferentes. Podem se complementar de um jeito fantástico, mas não são sempre a mesma coisa. É igual à confusão entre casamento, acasalamento e monogamia, ainda viva no imaginário popular. 

Nem todo acasalamento vira casamento. E nem todo casamento terá a monogamia como medida do sucesso. Isso não significa que deve haver uma regra totalmente liberal para todos. Cada caso é um caso. E pensar em uma única forma de lidar com os acasalamentos nos casamentos é pensamento dos tempos das cavernas.

Casamento: a “condição fundamental” da espécie humana?

Na metade deste microbook, precisamos falar dos tempos em que a universalidade do casamento humano e da família nuclear era considerada o pilar para a evolução sexual humana. Sem a família padrão, não haveria civilização. 

Mas não existe apenas um padrão. A melhor tradução para casamento se refere a relacionamentos em todos os tipos. Temos aí a condição fundamental da espécie humana. Em tempos de casais tão diversos quanto os contemporâneos, é no mínimo um atraso pensar que o casamento de uma única forma é a esperança da humanidade.  

Ciúmes

Nos tempos da caverna, o interesse próprio e irrestrito dos homens caçadores fazia das mulheres uma propriedade. Não se admitia concorrência e o acúmulo era sinal de força. 

Daí nascem os ciúmes. E é difícil se livrar de um costume ancestral.

Sexo como reflexo

O comportamento sexual humano reflete tendências evolutivas e contexto social. Grupos diferentes têm noções diferentes da sexualidade, criando padrões que não se combinam.

Por isso, os corpos também contam histórias. Cada contexto social deixa para trás a história vivida por um povo. Mesmo a mudança de expectativa de vida, por exemplo, transforma os conhecimentos sobre o sexo. 

Às vezes um pênis é apenas um pênis

Por mais que se dê risada ao falar de pênis, o macho humano leva a genitália muito a sério. Não é à toa que na Roma Antiga os meninos mais ricos usavam um medalhão segurando a réplica de um membro ereto. Esse objeto representava a alta classe do rapaz.

Você pode encontrar menções ao pênis na Bíblia e em Freud, que estudou o uso do órgão sexual como símbolo de poder. 

Encarar um pênis como um órgão do corpo, funcionando em determinadas condições e tendo cuidados com a saúde, é lidar naturalmente com a sexualidade. Assim, ninguém ri ou se constrange quando ouve essa palavra mágica. É apenas um pênis! 

Quando as garotas vão à loucura

Por que as mulheres parecem gritar e gemer mais que os homens no ato sexual? Na narrativa padrão da sexualidade humana, a chamada vocalização copulatória feminina é um mistério a ser desvendado. Esse nome estranho é como os estudiosos chamam os barulhos e gemidos das mulheres na hora do sexo. 

Em outras espécies, as fêmeas também fazem muitos ruídos enquanto copulam, além de ter a capacidade quase sobrenatural de ouvir os próprios filhotes. Mesmo sendo ainda um mistério, é certo que o orgasmo feminino é mais barulhento desde os tempos das cavernas. 

O lamento do pervertido

Existe maior flexibilidade erótica das mulheres em relação aos homens. Eles ainda se encontram presos, tanto pela cultura quanto pela rigidez da própria resposta sexual. Os desejos e comportamentos sexuais anormais tendem a ser mais comuns com eles. 

De acordo com os estudos mais aprofundados sobre o tema, os apetites sexuais incomuns costumam se manifestar desde a infância e são quase impossíveis de se alterar na fase adulta. Numa sociedade que ainda enxerga o sexo como um bicho de sete cabeças, pessoas com costumes que fogem do comum sofrem até mesmo discriminação. 

É por isso que falar de sexo, entender suas raízes e simplificar essas questões é questão de cultura e saúde pública. 

Notas finais 

Devemos falar cada vez mais de sexo. Com o diálogo e a aprendizagem, vemos pessoas mais saudáveis e aceitas com os próprios desejos. Esse livro é um grande serviço de utilidade pública, com boas noções sobre como prazer e atração estão ligados a questões naturais, mas também a aspectos culturais. Quanto mais falamos de sexo, melhor ele é praticado. E de um jeito mais saudável.

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Quem escreveu o livro?

Especializada em psicologia, costuma dar palestras e aulas em universida... (Leia mais)

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